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sexta-feira, 16 de setembro de 2011
DIVAGANDO SOBRE A POÉTICA CABRALINA
O verso cabralino
É conciso, sintético;
Mas que transforma
Em Taj Mahal dos pensamentos
Quaisquer ruínas do cérebro.
A fotográfica topografia cabralina
O corpo e a alma dos entes desnuda:
A exemplo do Rio Capibaribe,
O perfeito cão sem plumas;
A exemplo da cabra, que,
Com sua epifânica, sábia e curtida negrura,
Plasma ou cunha --- no DNA filiforme, porém tenaz
Da emigrante nordestina pessoa ---
O gosto pela arte da sobrevivência,
Além do amor pela saudade telúrica;
A exemplo da dileta fruta,
Aferindo-a ante toda uma sorte de frutas
Para poder mostrar
A sóbria apoteose da sua ímpar gostosura.
A poética cabralina
É --- em verdade ---
Um majestático, prolífero reino mineral:
Talhada á água,
Á pedra, a mangue,
Á natureza vestida de sol e sal.
A poesia de Cabral
Não flerta ou transa com o sol do lirismo:
Evita a esparrela de sua areia movediça,
De seu insidioso precipício!
Entretanto a aridez dos versos cabralinos
Derrama sobre nós
Um infinito afluente de sentimentos:
A eloquência de sua iconografia
Faz com que a sua poesia
Induza o leitor ao choro, ao enternecimento,
Á erupção da emoção legítima
Quando a declamamos no apogeu do seu momento!
Afinal a poesia cabralina
Ostenta um dúplice segredo:
A observação como matéria prima
E o seu canto a palo seco.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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