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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A NAU DO BARDO ESTÉRIL

Forcejo e reforcejo
Com recalcitrante veemência
O parto de um mero poema:

A minha verve, ao contrário,
Quer se manter inerte,
Em coma, inacessível á pena
Deste poeta-náufrago!

Penso em solfejar
Hinos que esquartejem
A opressão, a amorosa decepção e o flagelo:
Mas, pelo oceano da mente, me navega a nau do deserto.

O pensamento meu --- afinal de contas ---
Hoje não deseja degustar o sol da poesia:
Anseia, a bem da verdade, ser o mor cemitério das ventanias!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

ELEGIA DE UM NÃO-PINTOR

Talvez eu fosse aquarela,
Mas sou apenas um tosco poeta.

Talvez estivesse em Guernica,
Mas testemunho --- todos os dias ---
Florescerem vítimas de banalizadas chacinas
No gigantesco tropical Paraíso do Pré-Sal
E das commodities agrícolas.

Talvez presenciasse
As pinceladas catárticas de Frida,
Mas meu ser se limita
A derramar copiosas lágrimas das vistas.

Talvez vivesse como um viçoso ébano
Que pisasse em sementes de café nos anos vinte ou quarenta
Do evo passado,
Mas me descubro um preto de pés pneumáticos
O qual --- no século XXI --- engendra
Versos natimortos na sua cabeça de asno.




Talvez pudesse dizer a Van Gogh
O quão cultuada e lucrativa
Tornou-se a sua Pintura Impressionista,
Mas somente consigo escrever
--- sobre a folha do caderno Tilibra ---
Letras de aparência carrancuda,
Abjeta: dantesca grafia!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O SOL DE UM NOVO OCASO

Hoje regressamos ao estado de penumbra;
Ontem éramos a orfandade da luz translúcida,
Malévola geleira sem agrimensura
Que não deixa --- ainda que tremeluzente ou irresoluta ---
Que a magistratura do sol e da lua
Essencialmente se consuma:

Ah, o catarro verde
Quer que --- novamente ---
Provemos o sabor-verdade
Do total blecaute
E da bruma profunda, profusa, renitente, alarve,
O dantesco plenilúnio da edaz tempestade!

Ah, sinto estarmos
No limiar da boca da catástrofe:
Creio que, a cada movimento expansivo
De tirania da humanidade,
Ficamos á mercê do reino da vacuidade:
Sim, somos, afinal, escravos do todo-poderoso Hades!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

DEPURAÇÃO

Daqui a algumas eras parcas,
Quererei beber a potável água
Embora eu certamente saiba
Que ela --- em essência clara ---
Seja urina despojada
De ácido úrico, amônia, coloração amarelada:
Ficando, enfim, totalmente dessalinizada!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

terça-feira, 5 de outubro de 2010

RÉPLICA DE UM POETA MENOR

Não convirjo com o Décio:
Ainda que seja chamado de arqueologia ou hábito decrépito,
Deleito-me mesmo é com o exercício de tecer versos.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
• http://twitter.com/jessebarbosa27

domingo, 3 de outubro de 2010

TORRENCIALMENTE...

A chuva molha ácida
A minha basáltica cara.

A chuva carboniza ávida
Todo o meu lirismo-crisálida.

A chuva á maneira incendiária
É uma navalha que mata e retalha
A medula dos sentidos da minha verve magmática.

A chuva, todavia,
Embala a esperança
Que pujantemente palpita
Nos corações das sertanejas almas,

Fazendo da terra ressequida, inexoravelmente devastada
Infinitos reinos de cristalina água:
Contínua florescência majestática
Das cataratas do Iguaçu e do Niágara!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

PESCADOR DO LIRISMO

Pescar pensamentos
E transformá-los, ao sabor da alquimia,
Em iguarias da Poesia.


Pescar,
Com astuciosa energia,
A delação contra os matizes
Da miséria, esconsa ou furtiva
E convertê-la em metralhadoras compulsivas
Que cuspam balas de fogo da poesia,
Assassinando a peçonhenta hipocrisia!



Pescar o airoso voo da abelha,
O sorrateiro voo do açor,
O lúgubre voo do corvo,
O termal voo da centelha,
O solitário voo do albatroz,
O imensurável voo da cordilheira,
O insidioso voo da harpia,
O perspicaz voo da megalomaníaca águia faminta,
O dantesco voo do usurário abutre, o aeronáutico perito caçador de carniça,
O perscrutativo voo da coruja, sempre alerta, oportunista,
O garboso voo da garça, discípula da brisa,
O grandiloquente voo do ébano cisne simbolista,
O feérico voo das libélulas-borboletas, velas de chama sucinta,
O hialino voo da gaivota, paladina da libertária utopia
E o thecoviano voo da cotovia,
Comutando-os no cimento, na argamassa, no concreto,
Na viscosa argila, na titânica longarina,
Na onipotente vivenda de alvenaria da Poesia!




Ah,
Tornar exeqüível
A mais idílica das pescarias:
Deslindar,
Ao bel-prazer do incessante fluxo
E refluxo da odisseia dos dias,
Que o elixir da vida
Foi, é e eternamente será
A onipresente e suprema arte cristalina da Poesia!

Ah,
A bem que se diga,
Quero que --- num iminente amanhã qual ao longe,
Inermemente rutila ---
A esperança-lamparina
Faça de meu ser em letargia
Mais um prolífico pescador da Poesia!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O FILHO DA GUERRA DE TODOS OS DIAS

O homem joga-se no abismo...
O homem transforma-se no abismo...
O homem foge agonicamente do abismo...
O homem é essencialmente o abismo...
O homem singra caminhos longos, oblíquos, doridos...
O homem, habitando a selva de pedra do mundo iníquo,
É ventania, alegria, caixão, senzala, poesia, fuzil,
Escravos chibatados sobre o pelourinho...
O homem, em facundo desafio,
Posta-se frontalmente ao feral tanque assassino...
O homem: sulcos, dédalos, pedras, espinhos...
O homem pugna contra os doze signos do abismo...
O homem cai e se soergue assertivo, altivo...
O homem, favelas, utopias, trampos, caatingas, Sonoras, Savanas, redemoinhos...
O homem sonha com o sol da dignidade e do altruísmo...
O homem fica preso no templo da vilania e do egoísmo...
O homem trafega pela rodovia da vida-morte em período contínuo....
O homem perde-se entre amores, saudades, vórtices, descaminhos...
O homem floresce como laranjeira, esmeralda, pendão, criptográfico pergaminho:
A certeza jazendo na vivenda do eternal exílio!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O TOM MAIOR DO DIVAGAR

Penso com fôlego, sem fôlego:
A mente mastiga a frase
Poder ao Povo,
E não consigo tornar exequível o sonho.

A mente vaga errante, errática
Por descampados, vácuos e reinos da impotência:
Lugares onde a miséria humana
Faz-se a eterna etérea presença!

Cavalga-me pelas pradarias da verve
A voz de Renato cantando
Vento no Litoral,

Enquanto a voz de Cazuza,
Buscando agônica
A ideologia perdida,
Adormece nas asas
Da sua precoce supernova afinal.




Ah, é quando o ladrar pressuroso
Dos cachorros expulsa
A minha consciência
Da labiríntica viagem --- até então ---
Á margem do taciturno sabor do pouso
Sobre o solo da gravitacional realidade.

Enfim sinto passear,
Pela rodovia da boca,
O antigo gosto da vida-normalidade;

Entretanto, para não deixar esta aventura
Ao bel-prazer de uma página em branco,
Procuro a flor da catarse,
Que germina e desabrocha
Como um poema prolixo, insano:
Facunda topografia do absurdo humano!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A LIRA DA HIPOTERMIA

A atmosfera fria
Prepondera
No corrente dia,

No entanto,
Os pensamentos
Não aderem
Ao império do mármore:

A bem da verdade,
São vulcânicos desertos
Do Saara e do Mojave!

A atmosfera fria
Prepondera
No corrente dia:



Penso nos entes
De antártico
Coração transformando
Mares majestosos
De candura e crisálida
Em infinitas úlceras multiplicadas
Cuja missão é criar bactérias
Quais sepulcralizam a alma.

A atmosfera fria
Prepondera
No corrente dia:

Não obstante
A brisa malina,
Os condôminos de rua
Deitam ---
Prematuramente ---
Na sepultura
Ao se tornarem
Almoço ou janta
Da nossa venerável
Sociedade fraternal,
Nobre, magnânima, humana!



A atmosfera fria
Prepondera
No corrente dia:

A tristeza gélida
Empedra a lareira
Dos solares sentimentos,
Matando os sonhos
E seus rebentos.

A atmosfera fria
Prepondera
No corrente dia:

Nada perto ou equidistante...
Nada ao longe...
Nada aquém...
Nada além
De hipotérmicos,
Decrépitos
E esqueléticos
Horizontes!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

sábado, 4 de setembro de 2010

BEBENDO O MAR DA INSANIDADE

Um gesto coíbe a lágrima:
A glória e a angústia se amalgamam,
Se entrelaçam, se abraçam, se procuram, se misturam,
Se mastigam, se adaptam, se compactam, se fecundam,
Se masturbam e se adicionam hirsutos
Ao sabor dos pensamentos mitômanos, confusos,
Gerando uma insólita & desvairada
Alegria atormentada em relação
Ás aquarelas assenzaladas quais sequestram,
Flagelam ou sepultam
O oceano fluente pelo cérebro á beira
Do abismo profundo.

Ah, pensar também
Que integro o elenco
De reféns desta maré maligna:


Ora como um espectador impotente
Por não poder ser reativo
Quando a peçonha da violência,
Da cobiça e da autocracia
Preda a candura ---- até então,
Mantida incólume ainda, quanto
Á sua alma, á sua lírica arquitetura ---
Pois a consciência sente a dolência
De viver em infinita clausura;


Ora sentindo o amargor
De fruta cítrica
Da amorosa sensaboria
Fazendo malsãs investidas,
Cheias de sedução e aleivosia
Contra a aurora da fantasia
Quando a arte da conquista
Vira planeta em sangria;


Ora completamente imerso
Na piscina labiríntica
Do meu mundo-ego,
Hades onde
Os demônios --- apátridas
Da indulgência e da fidalguia ---
Castram-me o combustível qual alimenta,
De maneira apaixonadamente feroz e fidedigna,
A fogueira ativista contra o império da hidra,
Além de devorar --- tal se fosse
Um cardume celerado
De famintas piranhas assassinas ---
O lume do farol que mantém viva e fortifica
A energia do Corcel da tranquilidade assertiva,
Da solar lira!



Ah, não desejo mais
Que o nosso destino
Caiba --- de modo conciso ---
Na palma da mão
Do vácuo empedernido:



Ao contrário,
Espero incansável
Que a manhã-mor
Do equinócio auspicioso ecloda,
Portando consigo o sol do denodo,
Do arco-íris onde mora o regozijo do sonho,
Da flora, da fauna, da via Láctea do ouro,
Da Poesia que liberta a Mente do Povo!

Mas o império da pedra
Mostra o verdadeiro timoneiro
Do navio da realidade:

Ele ostenta a face
De canções quais assassinam a jocosa tarde
E levam ao templo do abate
O carcereiro da catástrofe.



Então minha rijeza
Vira mármore:
A poesia cuja centelha
Irrompe do Rio São Francisco
Dos meus versos
É catarse trôpega, lôbrega, estéril:
A realeza maior dos tétricos cemitérios!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

terça-feira, 15 de junho de 2010

PAISAGEM EXANGUE

Tudo é breu:
O cotidiano
Transmuda-se na chuva ácida
Que pulveriza por completo
Sonhos forjados por aço, diamantes e ferro.


Tudo é bruma que cega:
A esperança fica estéril
Ao perder a sua centelha eterna
Para o alucinógeno e deletério
Oxigênio da guerra.


O caminho
São zilhões de labirintos prenhes de maledicência:
Neles, o imensurável deserto
Nos espreita: sedento por nossa alma,
Verve e consciência.


Queria ser um parlapatão ou um espantalho
Para que me mantivesse indiferente ao teatro.
No entanto a redoma de mim se despoja,
Deixando a minha retina ser ferida
Pela tétrica realidade belicosa.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA


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sexta-feira, 7 de maio de 2010

A CATARSE NADA POÉTICA

A coriza me invade demasiado Katrina...
A coriza chove sob meu nariz e lancina a minha alegria...
A coriza me suga as forças bem paulatina...
A coriza é vampira, malévola taxidermia, peçonha, viscosa aleivosia...
Ah, a coriza, a coriza,
A coriza transforma-me na mais raivosamente efusiva erupção da ira!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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sábado, 17 de abril de 2010

A LIRA DA MELANCOLIA

Cantarei neste poema a melancolia:
Um dia testemunhei artífices da terra
Resignarem-se a uma vida sem estrelas e luzernas.


Cantarei neste poema a melancolia:
Os dias e as noites amanheciam,
Mas continuava a tangê-los
A valsa da desvalia, do exíguo vento.


Cantarei neste poema a melancolia:
Nada de seu tinham
A não ser um vácuo cavalgando por dentro da barriga
E, num semblante sulcado, a fome da lida.


Canto, afinal, neste poema a melancolia:
A ausência de sunshine na sina daquela sertaneja gente nordestina
Lancina-me, até hoje, sadicamente as mentais retinas.


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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quinta-feira, 25 de março de 2010

E A CHUVA SE DERRAMA...

E a chuva cai como gotículas...
E a chuva cai enfurecida...
E a chuva cai carcomendo o asfalto...
E a chuva cai emitindo sons vociferados...
E a chuva cai liquefazendo ravinas...
E a chuva cai apagando sonhos e orgânicas lamparinas emotivas...


E a chuva cai Hanseníase...
E a chuva cai Leptospirose...
E a chuva cai Aedes Aegypti...
E a chuva cai Tuberculose...
E a chuva cai Lâmina cortando carne...
E a chuva cai Estafeta que profetiza a iminente Hecatômbica Morte ...

E a chuva cai assolando o Nordeste...
E a chuva cai Gaia cansada de apanhar inerte...
E a chuva cai La Niña, que desdenha o pranto dos Inocentes...


E a chuva cai na Bahia....
E a chuva cai Amoníaca
E a chuva cai sobre a Pátria da poesia Barroca-Abolicionista-Tropicalista...
E a chuva cai sobre o solo da Ébana Rebeldia...
E a chuva cai sobre o Nascedouro de Marighella, Lucas Lira, Pedro Bala e Janaína!




JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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quarta-feira, 24 de março de 2010

UTOPIA MOVEDIÇA

Eu quisera um reino de girassóis:
A semeadura da labuta e sonhos
Colhendo o pólen do amanhã.


Eu quisera um reino de girassóis:
Contudo, de inicio, descobri
Ser necessário me despir
Da aura do voo do albatroz,


Pois a empreitada da Esperança
E de se fazer eterno Verão, Primavera, Bonança
Demanda a ação coesa, compacta
Do voar dos pássaros em revoada.


Eu quisera um reino de girassóis:
Arar a humana terra, nutri-la, umedecê-la
Com o H2O da Revolução Leonina, Escarlate e Serena!


Eu quisera um reino de girassóis:
Poder testemunhar
A Flora da equanimidade, altruísmo, nobreza
Vicejar, radiosa e triunfante, de nossas Cabeças.

Eu quisera um reino de girassóis,
Mas compreendi que o ópio das migalhas,
Dissolvido no ácido cotidiano das almas,
Mutilara o desejo de indômita ventania
Que habita a Sapiens massa encefálica, abrasiva!


Eu quisera um reino de girassóis:
Fiquei apenas com o gosto
Marmóreo e amargo de túmulo na boca,
Sequiosa pela chegada da Era ensolarada.


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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terça-feira, 16 de março de 2010

A POEM TO BOB DYLAN

Versos líricos que ecoam a animosa flora do protesto
Versos filosóficos que transformam em indômito oceano
O brutal mental deserto.


Versos que acordam o vulcão da sábia rebeldia
Versos que --- ao esbofetear a fronte da hipocrisia ---
Fissuram os pilares da tirania
Versos que libertam a lívida juventude cativa.


Versos que amam o livre amor
Versos que anseiam a psicodelia residida na flor
Versos que o mor poeta do folk
Em nós viçosamente poleniza
Depois de magistralmente OS compor
Com a ajuda da sua gaita
Ou do possante violão da revoltosa melodia.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ODE AO ITABIRANO CARLOS

Poetar mineiramente
Poetar com a simplicidade eloquente
Poetar de pensamento solto
Poetar parindo a ROSA DO POVO.


Poetar o estar no mundo
Poetar reverenciando O ADORÁVEL VAGABUNDO
Poetar fazendo verso com o substantivo próprio RAIMUNDO.


Poetar AS MÃOS DADAS
Poetar A ROSA E A NÁUSEA
Poetar o quão é funda a angústia
Poetar a consciência de que a vida
Anda em contínua fuga.


Poetar a supernova prematura do leiteiro
Poetar o encontro com as pedras no CAMINHO
Poetar o ensimesmar criativo.


Poetar Itabira
Poetar a saudade de uma ERA perdida
Poetar como é BESTA a VIDA.


Poetar a perda de identidade
Poetar o amor maduro e a desumanidade
Poetar sutil e de fogo alto é o poetar de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A AQUARELA DA BUSCA

Homem mijando na rua:
A urina exala o aroma
Da amoníaca fedentina madura.


O fulgor do sol,
Qual --- ao meio-dia ---
Se acentua:


Os olhos ardem,
Sem candura,
Ao tentarem divisar
A face, a porosidade, a solar textura!


Deitadas na cama da amorosa úlcera,
Pessoas estão á espera
Do samba que lhes traga a tão sonhada cura.


A Rainha das damas
Ostenta a sua impiedosa postura:
Serdes só meros peões
Entre vis e edazes sanguessugas.


Lua-Cheia, Nova Lua:
Postando-se de pé sobre o meio-fio,
A poética verve locomove-se a pé
E segue o fluxo do rio
Onde a Liberdade sem brumas triunfa!


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

LIRA PARA ALVORECER A ALVORADA

Escuto o silêncio
Dizer á madrugada
Que se prolongue nos invernos:


Ah,
Enquanto esta ordem-conselho
Se processa na mente do tempo,


Cavalga por todo o meu cérebro
O viscoso e insólito pensamento
De que seja o basáltico céu empalidecido
A perfeita comunhão entre a elação da beleza
E os sortilégios dum mar capcioso e sombrio.


Escuto o silêncio
Dizer á madrugada
Que se prolongue nos invernos:


Esta miscível atmosfera eclética
De anestesia, Prosa, Poesia,
Onirismo, miasmas, niilismo, corvo, frescura,
Espreita, peçonha, perfídia e coruja


Casamata um reino de desovas, volúpias,
Espermas, esperas, espirais de psicodelia,
Enseada para fugas ou a Política daninha,
Teatro, Baco, vinhas, sangue a cada esquina;
Heróis, concertos de Rock e Operas que reverenciam
A Jazzística Cinética Ventania!



Escuto o silêncio
Dizer á madrugada
Que se prolongue nos invernos:







Capturo as essências da urina,
Da friagem, do orvalho, da orquídea em remanso,
Da groselha e da azaleia de ébano,
Aspergindo-as na página em branco
Do meu corpulento caderno
De Vermelhos Versos Saltimbancos!



JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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