Meus pensamentos fluem
Obliqua e obtusamente:
Sua natureza flerta
Com a tez da bruma
E com o reino da esguelha.
Meus pensamentos desejam ser
A porta aberta que guarda
A alameda da órbita
Onde reside os versos
Quais revelam os mistérios dos
Sítios subterrâneos da mente e da alma.
Meus pensamentos anseiam
Ser pavimentados pelo cimento
Da indignação por testemunharem,
Impotente e pungentemente,
O florescer de flagelos, Guantânamos,
Miragens de erudição, diamantes sanguinolentos,
Frondosas árvores da metropolitana velhacaria
E crisálidas crepusculando sob a ternura
Do descaso que emana do seio do átrio da antemanhã urbana.
Meus pensamentos são assim:
Querem ser versos
Que sejam o perfume da gente comum
Embora saibam-se cativos
Da frívola e tosca eloquência:
Vivenda da poesia vazia, vã!
Afinal, gostaria que meus pensamentos
Portassem o vírus da consciência underground
Para que pudessem extrair do cosmo alijado
A real noção da forma dos seres e das coisas
Por debaixo da derme fabricada.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
ESTE BLOGUE TEM POR COMPROMISSO EXPOR OS NOVOS POEMAS DE JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA. ATENÇÃO: TODOS OS POEMAS FORAM REGISTRADOS PELA BIBLIOTECA NACIONAL, SITUADA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E SE ENCONTRAM SOB A PROTEÇÃO DA LEI DOS DIREITOS AUTORAIS N° 9.610/98 BlogBlogs.Com.Br
terça-feira, 30 de junho de 2009
sábado, 27 de junho de 2009
CINEMÁTICA DA LEMBRANÇA
Deambulo meu faminto olhar
Pelo infinito imaginário
Que se assenta sobre o quarto:
Paisagem do intrínseco relicário
---- cujo fluxo, pensava eu,
Encontrava-se definitivamente tresmalhado ----
Fecunda-me novamente o escalavrado ideário.
Aí, testemunho, vividamente,
Como se estivesse de corpo presente,
O embarque e desembarque dos entes
Quais, em algum momento,
Compartilharam o tropegar
Da mesma ambígua e longa estrada
Para, bem no meio do percurso,
Sem ultimatos, sutilezas nem prelúdios,
Fragmentarem-se em intangíveis córregos,
Congostas, vozes, brumas, arbustos e alamedas
De destino errático, eunuco:
A tremeluzente constelação
De sombras e incertezas que pavimenta o humano mundo.
E quando regresso da viagem
---- liberto dos sortilégios da embriagante miragem ----
Procuro, conforme fosse prisioneiro
Da sede de quem somente se sacia
Sorvendo sofregamente
O cristalino elementar liquido,
A mádida égide do caseiro abrigo.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Pelo infinito imaginário
Que se assenta sobre o quarto:
Paisagem do intrínseco relicário
---- cujo fluxo, pensava eu,
Encontrava-se definitivamente tresmalhado ----
Fecunda-me novamente o escalavrado ideário.
Aí, testemunho, vividamente,
Como se estivesse de corpo presente,
O embarque e desembarque dos entes
Quais, em algum momento,
Compartilharam o tropegar
Da mesma ambígua e longa estrada
Para, bem no meio do percurso,
Sem ultimatos, sutilezas nem prelúdios,
Fragmentarem-se em intangíveis córregos,
Congostas, vozes, brumas, arbustos e alamedas
De destino errático, eunuco:
A tremeluzente constelação
De sombras e incertezas que pavimenta o humano mundo.
E quando regresso da viagem
---- liberto dos sortilégios da embriagante miragem ----
Procuro, conforme fosse prisioneiro
Da sede de quem somente se sacia
Sorvendo sofregamente
O cristalino elementar liquido,
A mádida égide do caseiro abrigo.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
O GIRASSOL TENAZ
A tirania esventra os hialinos horizontes
Do livre voar da prole do córtex:
Faz, hoje, uso do fuzil da latência,
Ancorado no trapiche do reino do povo,
Para açaimar o distinto lúcido coro.
Somos prisioneiros da matrix:
Não falo daquela controlada pelas cibernéticas máquinas,
Mas da matrix regida
Pelos intemperançosos vermes homo sapiens
Que ostentam a vil-metálica gravata.
Ah, no entanto,
Apesar de áridas e encarceradas
Na galáxia das esperas malogradas,
As mentes negam-se a parar de retesar o sonho
De que um dia finalmente
Se transformem no eternal reino de suntuosas águas cor de cristal.
Enfim,
Abrigadas confortavelmente no templo da certeza
De que um dia a liberdade florescerá
Para elas,
Enfrentam as intempéries do mundo
De cabeça erguida e com o olhar
De manhã infinitamente fazendo raiar o sol da primavera.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Do livre voar da prole do córtex:
Faz, hoje, uso do fuzil da latência,
Ancorado no trapiche do reino do povo,
Para açaimar o distinto lúcido coro.
Somos prisioneiros da matrix:
Não falo daquela controlada pelas cibernéticas máquinas,
Mas da matrix regida
Pelos intemperançosos vermes homo sapiens
Que ostentam a vil-metálica gravata.
Ah, no entanto,
Apesar de áridas e encarceradas
Na galáxia das esperas malogradas,
As mentes negam-se a parar de retesar o sonho
De que um dia finalmente
Se transformem no eternal reino de suntuosas águas cor de cristal.
Enfim,
Abrigadas confortavelmente no templo da certeza
De que um dia a liberdade florescerá
Para elas,
Enfrentam as intempéries do mundo
De cabeça erguida e com o olhar
De manhã infinitamente fazendo raiar o sol da primavera.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
quinta-feira, 25 de junho de 2009
COM O ONTEM AINDA DIURNO NA MEMÓRIA
Ouço barulho de mar ali ao longe:
Ele é a ressonância duma saudade insone.
O mar --- ao ler manhãs ---
Aquece sobejadamente a alma,
Por dissabores, desenganos, amargura, flagelos e chagas,
Integralmente lancinada.
As imagens que suscitam a extática contemplação
Orvalham um sinestético mosaico
De orgânicas paisagens,
Ancoradas no pleno afã de orgasmos da fascinação
Que residem na frenética dinâmica do ciclo dos indeléveis verões:
De fato, são esperanças que aguardam
Sequiosamente a exposição
Da indomável cinemática das águas,
Personificada pela contínua sessão
De onipotentes e radiosos vagalhões
Cuja rijeza açaima toda e qualquer sombra de acomodação.
Ouço barulho de mar ali ao longe:
Parece ser tão vívido, estar tão próximo
Que quase me transformo
Numa enlevante catarata de lágrimas incessantes:
Oceano fluindo sem represa nem paragem. É o
Sol do H2O selvagem qual irrompe da verve
Como aurora emocionada:
Aquântica órfã de agrimensura, de estremaduras,
De estafetas que portem, na fala,
O amor pela calorosa e balsâmica enseada.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Ele é a ressonância duma saudade insone.
O mar --- ao ler manhãs ---
Aquece sobejadamente a alma,
Por dissabores, desenganos, amargura, flagelos e chagas,
Integralmente lancinada.
As imagens que suscitam a extática contemplação
Orvalham um sinestético mosaico
De orgânicas paisagens,
Ancoradas no pleno afã de orgasmos da fascinação
Que residem na frenética dinâmica do ciclo dos indeléveis verões:
De fato, são esperanças que aguardam
Sequiosamente a exposição
Da indomável cinemática das águas,
Personificada pela contínua sessão
De onipotentes e radiosos vagalhões
Cuja rijeza açaima toda e qualquer sombra de acomodação.
Ouço barulho de mar ali ao longe:
Parece ser tão vívido, estar tão próximo
Que quase me transformo
Numa enlevante catarata de lágrimas incessantes:
Oceano fluindo sem represa nem paragem. É o
Sol do H2O selvagem qual irrompe da verve
Como aurora emocionada:
Aquântica órfã de agrimensura, de estremaduras,
De estafetas que portem, na fala,
O amor pela calorosa e balsâmica enseada.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
A PROLE DA FÉ
Olhemos atentamente o que ostenta
A imagem transmitida pela tv:
No noticiário noctívago,
O cortejo trôpego da gente
De semblante sulcado, sofrido, álacre, lôbrego,
Mestiço, sôfrego, extasiado, sertanejo e íntegro
Faz ecoar seu religioso cântico
De celebração da vida.
Em cada um deles,
Templos da diáfana credulidade
Se edificam, prosperam,
Irrompem-lhes o DNA,
Cultivando novos jardins da cintilante flor amarela,
Tornando-se, enfim, o núcleo, o entorno
E o todo da sua orgânica matéria.
Por isso, quando quase exauridos,
Em seu dúctil ânimo,
Pelo perverso itinerário de chagas, desgraças e látegos,
Erigido por seu sinuoso fado,
Não optam por se entregar ao refrigerante vácuo,
Á reconfortante quietude infinita
Do prematuro ocaso;
Deixam, ao contrário,
Que a chama da crença
Dome e incendeie seu abstrato cosmo corpóreo,
Metamorfoseando-o no mais inexpugnável dos santuários!
No entanto,
Apesar dos sacerdotes ou zagais da mentira,
Dos paraísos ou oásis
Que segredam as perniciosas areias movediças,
A aura da esperança,
Encerrada no coração
Daquelas pessoas generosas, denodadas,
Transmite respeito, comove, cativa
Um centurião marxista.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
A imagem transmitida pela tv:
No noticiário noctívago,
O cortejo trôpego da gente
De semblante sulcado, sofrido, álacre, lôbrego,
Mestiço, sôfrego, extasiado, sertanejo e íntegro
Faz ecoar seu religioso cântico
De celebração da vida.
Em cada um deles,
Templos da diáfana credulidade
Se edificam, prosperam,
Irrompem-lhes o DNA,
Cultivando novos jardins da cintilante flor amarela,
Tornando-se, enfim, o núcleo, o entorno
E o todo da sua orgânica matéria.
Por isso, quando quase exauridos,
Em seu dúctil ânimo,
Pelo perverso itinerário de chagas, desgraças e látegos,
Erigido por seu sinuoso fado,
Não optam por se entregar ao refrigerante vácuo,
Á reconfortante quietude infinita
Do prematuro ocaso;
Deixam, ao contrário,
Que a chama da crença
Dome e incendeie seu abstrato cosmo corpóreo,
Metamorfoseando-o no mais inexpugnável dos santuários!
No entanto,
Apesar dos sacerdotes ou zagais da mentira,
Dos paraísos ou oásis
Que segredam as perniciosas areias movediças,
A aura da esperança,
Encerrada no coração
Daquelas pessoas generosas, denodadas,
Transmite respeito, comove, cativa
Um centurião marxista.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
terça-feira, 23 de junho de 2009
REINO DEVOLUTO
Gradativamente,
Ela cria atmosferas ignescentes
Dentro do corpo:
As labaredas ganham massa,
Recrudescendo-me e grassando-me
Por toda a planície e ravinas do frágil organismo primata.
Sinto-a degustar-me a pele:
Á erupção do vulcão
Minha matéria converge.
Então sou sauna:
Doravante me converto
No ponto máximo de trilhões de fornalhas.
Com efeito, minha temperatura atinge 40 graus Celsius na escala:
Metamorfoseio-me na infrene tremedeira insaciada,
Sou, portanto, a voraz febre hemorrágica!
Assim, dali a pouco,
A urina, o excremento e o plasma prorrompem sôfregos
Do humano moribundo esqueleto carnoso.
Afinal um mar vermelho se forma, expandindo-se suntuosodomina, preenche toda a lacuna do íntimo cômodo
E deixa a vida sem gleba, latifúndio ou trono.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Ela cria atmosferas ignescentes
Dentro do corpo:
As labaredas ganham massa,
Recrudescendo-me e grassando-me
Por toda a planície e ravinas do frágil organismo primata.
Sinto-a degustar-me a pele:
Á erupção do vulcão
Minha matéria converge.
Então sou sauna:
Doravante me converto
No ponto máximo de trilhões de fornalhas.
Com efeito, minha temperatura atinge 40 graus Celsius na escala:
Metamorfoseio-me na infrene tremedeira insaciada,
Sou, portanto, a voraz febre hemorrágica!
Assim, dali a pouco,
A urina, o excremento e o plasma prorrompem sôfregos
Do humano moribundo esqueleto carnoso.
Afinal um mar vermelho se forma, expandindo-se suntuosodomina, preenche toda a lacuna do íntimo cômodo
E deixa a vida sem gleba, latifúndio ou trono.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
OLARIA DA POESIA RAQUÍTICA
Fabrico toscos tijolos da Lírica:
Em seguida, monto o poema
Com toneladas do cimento
Da ferina lâmina dos sentimentos
Ou com a onipotente argamassa da líquida reflexão
(a sua concisa e basilar alvenaria).
Assim ---- ei-la, enfim ----
Como a mais eloquente desnutrição da poesia.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Em seguida, monto o poema
Com toneladas do cimento
Da ferina lâmina dos sentimentos
Ou com a onipotente argamassa da líquida reflexão
(a sua concisa e basilar alvenaria).
Assim ---- ei-la, enfim ----
Como a mais eloquente desnutrição da poesia.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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