BLOGGERAL

quinta-feira, 25 de março de 2010

E A CHUVA SE DERRAMA...

E a chuva cai como gotículas...
E a chuva cai enfurecida...
E a chuva cai carcomendo o asfalto...
E a chuva cai emitindo sons vociferados...
E a chuva cai liquefazendo ravinas...
E a chuva cai apagando sonhos e orgânicas lamparinas emotivas...


E a chuva cai Hanseníase...
E a chuva cai Leptospirose...
E a chuva cai Aedes Aegypti...
E a chuva cai Tuberculose...
E a chuva cai Lâmina cortando carne...
E a chuva cai Estafeta que profetiza a iminente Hecatômbica Morte ...

E a chuva cai assolando o Nordeste...
E a chuva cai Gaia cansada de apanhar inerte...
E a chuva cai La Niña, que desdenha o pranto dos Inocentes...


E a chuva cai na Bahia....
E a chuva cai Amoníaca
E a chuva cai sobre a Pátria da poesia Barroca-Abolicionista-Tropicalista...
E a chuva cai sobre o solo da Ébana Rebeldia...
E a chuva cai sobre o Nascedouro de Marighella, Lucas Lira, Pedro Bala e Janaína!




JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/
• http://twitter.com/jessebarbosa27

quarta-feira, 24 de março de 2010

UTOPIA MOVEDIÇA

Eu quisera um reino de girassóis:
A semeadura da labuta e sonhos
Colhendo o pólen do amanhã.


Eu quisera um reino de girassóis:
Contudo, de inicio, descobri
Ser necessário me despir
Da aura do voo do albatroz,


Pois a empreitada da Esperança
E de se fazer eterno Verão, Primavera, Bonança
Demanda a ação coesa, compacta
Do voar dos pássaros em revoada.


Eu quisera um reino de girassóis:
Arar a humana terra, nutri-la, umedecê-la
Com o H2O da Revolução Leonina, Escarlate e Serena!


Eu quisera um reino de girassóis:
Poder testemunhar
A Flora da equanimidade, altruísmo, nobreza
Vicejar, radiosa e triunfante, de nossas Cabeças.

Eu quisera um reino de girassóis,
Mas compreendi que o ópio das migalhas,
Dissolvido no ácido cotidiano das almas,
Mutilara o desejo de indômita ventania
Que habita a Sapiens massa encefálica, abrasiva!


Eu quisera um reino de girassóis:
Fiquei apenas com o gosto
Marmóreo e amargo de túmulo na boca,
Sequiosa pela chegada da Era ensolarada.


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/
• http://twitter.com/jessebarbosa27

terça-feira, 16 de março de 2010

A POEM TO BOB DYLAN

Versos líricos que ecoam a animosa flora do protesto
Versos filosóficos que transformam em indômito oceano
O brutal mental deserto.


Versos que acordam o vulcão da sábia rebeldia
Versos que --- ao esbofetear a fronte da hipocrisia ---
Fissuram os pilares da tirania
Versos que libertam a lívida juventude cativa.


Versos que amam o livre amor
Versos que anseiam a psicodelia residida na flor
Versos que o mor poeta do folk
Em nós viçosamente poleniza
Depois de magistralmente OS compor
Com a ajuda da sua gaita
Ou do possante violão da revoltosa melodia.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/
• http://twitter.com/jessebarbosa27

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ODE AO ITABIRANO CARLOS

Poetar mineiramente
Poetar com a simplicidade eloquente
Poetar de pensamento solto
Poetar parindo a ROSA DO POVO.


Poetar o estar no mundo
Poetar reverenciando O ADORÁVEL VAGABUNDO
Poetar fazendo verso com o substantivo próprio RAIMUNDO.


Poetar AS MÃOS DADAS
Poetar A ROSA E A NÁUSEA
Poetar o quão é funda a angústia
Poetar a consciência de que a vida
Anda em contínua fuga.


Poetar a supernova prematura do leiteiro
Poetar o encontro com as pedras no CAMINHO
Poetar o ensimesmar criativo.


Poetar Itabira
Poetar a saudade de uma ERA perdida
Poetar como é BESTA a VIDA.


Poetar a perda de identidade
Poetar o amor maduro e a desumanidade
Poetar sutil e de fogo alto é o poetar de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/

• http://twitter.com/jessebarbosa27

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A AQUARELA DA BUSCA

Homem mijando na rua:
A urina exala o aroma
Da amoníaca fedentina madura.


O fulgor do sol,
Qual --- ao meio-dia ---
Se acentua:


Os olhos ardem,
Sem candura,
Ao tentarem divisar
A face, a porosidade, a solar textura!


Deitadas na cama da amorosa úlcera,
Pessoas estão á espera
Do samba que lhes traga a tão sonhada cura.


A Rainha das damas
Ostenta a sua impiedosa postura:
Serdes só meros peões
Entre vis e edazes sanguessugas.


Lua-Cheia, Nova Lua:
Postando-se de pé sobre o meio-fio,
A poética verve locomove-se a pé
E segue o fluxo do rio
Onde a Liberdade sem brumas triunfa!


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
http://www.myspace.com/nirvanapoetico
• http://twitter.com/jessebarbosa27

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

LIRA PARA ALVORECER A ALVORADA

Escuto o silêncio
Dizer á madrugada
Que se prolongue nos invernos:


Ah,
Enquanto esta ordem-conselho
Se processa na mente do tempo,


Cavalga por todo o meu cérebro
O viscoso e insólito pensamento
De que seja o basáltico céu empalidecido
A perfeita comunhão entre a elação da beleza
E os sortilégios dum mar capcioso e sombrio.


Escuto o silêncio
Dizer á madrugada
Que se prolongue nos invernos:


Esta miscível atmosfera eclética
De anestesia, Prosa, Poesia,
Onirismo, miasmas, niilismo, corvo, frescura,
Espreita, peçonha, perfídia e coruja


Casamata um reino de desovas, volúpias,
Espermas, esperas, espirais de psicodelia,
Enseada para fugas ou a Política daninha,
Teatro, Baco, vinhas, sangue a cada esquina;
Heróis, concertos de Rock e Operas que reverenciam
A Jazzística Cinética Ventania!



Escuto o silêncio
Dizer á madrugada
Que se prolongue nos invernos:







Capturo as essências da urina,
Da friagem, do orvalho, da orquídea em remanso,
Da groselha e da azaleia de ébano,
Aspergindo-as na página em branco
Do meu corpulento caderno
De Vermelhos Versos Saltimbancos!



JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
· http://twitter.com/jessebarbosa27

http://www.myspace.com/nirvanapoetico

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

AURORA NO CREPÚSCULO

Supersônico, o vórtice letal está a galope:
Sinto a sua fragrância lancinante
Pairar sobre as redondezas
Do nosso cangote.


Belicosidade e ganância
São seu ultimato,
O mais dantesco aviso prévio:
A senha para convergirmos
Concomitantemente ao mesmo cemitério raso.


Desejo que saibamos
Da universalidade do sol:
Sua majestade brilha para todos,
Não se restringe tão-só
A alguns poucos rouxinóis.


Ah, mas a cegueira
Nos vegetaliza a mente:
Os pensamentos, como
Prole da livre fluência,
Entram em estado de animação suspensa,
Tornando-se permeáveis
Á ruína de tudo o que seja sinfonia
Da autônoma consciência.



Todavia a esperança persiste:
Embora viva mutilada,
Ela sonha que um dia
Tocará o arco-íris,
Transformando-o
Na sua mais cara
E egrégia harpa.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://www.myspace.com/nirvanapoetico
· http://twitter.com/jessebarbosa27