BLOGGERAL

terça-feira, 15 de junho de 2010

PAISAGEM EXANGUE

Tudo é breu:
O cotidiano
Transmuda-se na chuva ácida
Que pulveriza por completo
Sonhos forjados por aço, diamantes e ferro.


Tudo é bruma que cega:
A esperança fica estéril
Ao perder a sua centelha eterna
Para o alucinógeno e deletério
Oxigênio da guerra.


O caminho
São zilhões de labirintos prenhes de maledicência:
Neles, o imensurável deserto
Nos espreita: sedento por nossa alma,
Verve e consciência.


Queria ser um parlapatão ou um espantalho
Para que me mantivesse indiferente ao teatro.
No entanto a redoma de mim se despoja,
Deixando a minha retina ser ferida
Pela tétrica realidade belicosa.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA


http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A CATARSE NADA POÉTICA

A coriza me invade demasiado Katrina...
A coriza chove sob meu nariz e lancina a minha alegria...
A coriza me suga as forças bem paulatina...
A coriza é vampira, malévola taxidermia, peçonha, viscosa aleivosia...
Ah, a coriza, a coriza,
A coriza transforma-me na mais raivosamente efusiva erupção da ira!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/
• http://twitter.com/jessebarbosa27

sábado, 17 de abril de 2010

A LIRA DA MELANCOLIA

Cantarei neste poema a melancolia:
Um dia testemunhei artífices da terra
Resignarem-se a uma vida sem estrelas e luzernas.


Cantarei neste poema a melancolia:
Os dias e as noites amanheciam,
Mas continuava a tangê-los
A valsa da desvalia, do exíguo vento.


Cantarei neste poema a melancolia:
Nada de seu tinham
A não ser um vácuo cavalgando por dentro da barriga
E, num semblante sulcado, a fome da lida.


Canto, afinal, neste poema a melancolia:
A ausência de sunshine na sina daquela sertaneja gente nordestina
Lancina-me, até hoje, sadicamente as mentais retinas.


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/
• http://twitter.com/jessebarbosa27

quinta-feira, 25 de março de 2010

E A CHUVA SE DERRAMA...

E a chuva cai como gotículas...
E a chuva cai enfurecida...
E a chuva cai carcomendo o asfalto...
E a chuva cai emitindo sons vociferados...
E a chuva cai liquefazendo ravinas...
E a chuva cai apagando sonhos e orgânicas lamparinas emotivas...


E a chuva cai Hanseníase...
E a chuva cai Leptospirose...
E a chuva cai Aedes Aegypti...
E a chuva cai Tuberculose...
E a chuva cai Lâmina cortando carne...
E a chuva cai Estafeta que profetiza a iminente Hecatômbica Morte ...

E a chuva cai assolando o Nordeste...
E a chuva cai Gaia cansada de apanhar inerte...
E a chuva cai La Niña, que desdenha o pranto dos Inocentes...


E a chuva cai na Bahia....
E a chuva cai Amoníaca
E a chuva cai sobre a Pátria da poesia Barroca-Abolicionista-Tropicalista...
E a chuva cai sobre o solo da Ébana Rebeldia...
E a chuva cai sobre o Nascedouro de Marighella, Lucas Lira, Pedro Bala e Janaína!




JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/
• http://twitter.com/jessebarbosa27

quarta-feira, 24 de março de 2010

UTOPIA MOVEDIÇA

Eu quisera um reino de girassóis:
A semeadura da labuta e sonhos
Colhendo o pólen do amanhã.


Eu quisera um reino de girassóis:
Contudo, de inicio, descobri
Ser necessário me despir
Da aura do voo do albatroz,


Pois a empreitada da Esperança
E de se fazer eterno Verão, Primavera, Bonança
Demanda a ação coesa, compacta
Do voar dos pássaros em revoada.


Eu quisera um reino de girassóis:
Arar a humana terra, nutri-la, umedecê-la
Com o H2O da Revolução Leonina, Escarlate e Serena!


Eu quisera um reino de girassóis:
Poder testemunhar
A Flora da equanimidade, altruísmo, nobreza
Vicejar, radiosa e triunfante, de nossas Cabeças.

Eu quisera um reino de girassóis,
Mas compreendi que o ópio das migalhas,
Dissolvido no ácido cotidiano das almas,
Mutilara o desejo de indômita ventania
Que habita a Sapiens massa encefálica, abrasiva!


Eu quisera um reino de girassóis:
Fiquei apenas com o gosto
Marmóreo e amargo de túmulo na boca,
Sequiosa pela chegada da Era ensolarada.


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/
• http://twitter.com/jessebarbosa27

terça-feira, 16 de março de 2010

A POEM TO BOB DYLAN

Versos líricos que ecoam a animosa flora do protesto
Versos filosóficos que transformam em indômito oceano
O brutal mental deserto.


Versos que acordam o vulcão da sábia rebeldia
Versos que --- ao esbofetear a fronte da hipocrisia ---
Fissuram os pilares da tirania
Versos que libertam a lívida juventude cativa.


Versos que amam o livre amor
Versos que anseiam a psicodelia residida na flor
Versos que o mor poeta do folk
Em nós viçosamente poleniza
Depois de magistralmente OS compor
Com a ajuda da sua gaita
Ou do possante violão da revoltosa melodia.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/
• http://twitter.com/jessebarbosa27

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ODE AO ITABIRANO CARLOS

Poetar mineiramente
Poetar com a simplicidade eloquente
Poetar de pensamento solto
Poetar parindo a ROSA DO POVO.


Poetar o estar no mundo
Poetar reverenciando O ADORÁVEL VAGABUNDO
Poetar fazendo verso com o substantivo próprio RAIMUNDO.


Poetar AS MÃOS DADAS
Poetar A ROSA E A NÁUSEA
Poetar o quão é funda a angústia
Poetar a consciência de que a vida
Anda em contínua fuga.


Poetar a supernova prematura do leiteiro
Poetar o encontro com as pedras no CAMINHO
Poetar o ensimesmar criativo.


Poetar Itabira
Poetar a saudade de uma ERA perdida
Poetar como é BESTA a VIDA.


Poetar a perda de identidade
Poetar o amor maduro e a desumanidade
Poetar sutil e de fogo alto é o poetar de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/

• http://twitter.com/jessebarbosa27