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segunda-feira, 1 de junho de 2009

BAGAGEM, CREPÚSCULO E O DESCONHECIDO

Tenho cãs nos olhos:
A noção de fugacidade da vida
Arrebata-me pouco depois que saio
Do aminiótico aquário no qual, por meses, residira.


Guardo, dentro das narinas,
O eflúvio da fumaça assassina:
Meu olhar é tragado
Pela viscosa pemeabilidade


Que floresce das vielas
Onde mora o desdém á prosperidade dos desvalidos Girassóis:
Então, como não conseguissem germinar
Tal rebentos da via Láctea da igualitária ascensão,


Encontram, nos afagos
Que vicejam da moderna
Prole da pólvora,
A senda para segurarem o pólen do poder nas mãos.


Entretanto, este curto caminho
É insidioso, visceralmente ferino:
O êxtase que ele proporciona
Cobra o preço do prematuro e imorredouro abismo.



Ah, a sofreguidão e o afinco,
Com os quais se entregam estes artífices famintos,
Alimentam a fome dos dantescos barões da ignescência
Por novos edens da sangrenta opulência!


Trago lágrimas nos olhos:
Penso no quão dardejaria
A lactente constelação de estrelas
Se houvesse escapado da gula do desconhecido que cria a supernova egoísta.

1 comentário:

Úrsula Avner disse...

Poxa Jessé, quanto talento e sensibilidade poética. Gostei muito do seu cantinho. Voltarei outras vezes. Quando puder me visite.
http://ursulaavner.blogspot.com

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