BLOGGERAL

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A DANTESCA VIGÍLIA INTANGÍVEL

Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Acompanhando e norteando os nossos passos:
Ela nos entuba a mente,
Ministrando-nos latentes doses cavalares
Da sua cara ordem ideal, formidável:
Onipotente, onipresente, sodômica, noturna
E opressivamente solar, diáfana, diurna,
Soturna, elegíaca, sepulcral, gótica,
Fimósica, femural, tumoral, plúmbea!


Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Acompanhando e norteando os nossos passos:
Ela esventra e trucida
Qualquer célula que a enxergue,
Em sua forma legítima,
E faça os pensamentos
Lutarem pela perpétua
Soberania da sua vida ignotamente augusta:
Sim, esta, guarda a via proba, segura
Qual nos leva ao píncaro nirvânico da mente mais ígnea, lúcida
Cuja luz descerra o caminho para o sol da perspicaz ventania
Que é o opalítico céu da sabedoria cor de Ametista!



Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Acompanhando e norteando os nossos passos:
Ela nos nutre, nos edifica
Uma ventura de anestésica servidão
Ás Pátrias que estupram e silenciam
A eloquente sinfonia onírica da estamental Simetria!



Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Acompanhando e norteando os nossos passos:
Ela provoca a letargia vitalícia
Do sangue da Filosofia,
Corrente em nossas veias políticas
E anuncia o óbito
Da manancial dos autônomos sensos,
Compondo-lhe uma sarcástica,
Humilhante elegia, vil preito, música ferina:
Erudita baixaria! Baixaria! Baixaria!


Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Dentro do templo do nosso crepúsculo:
Ela urina, defeca e dá gargalhadas
Sobre o nosso ideológico túmulo.


Há uma nuvem de sombra, de penumbra
Que esgarça, flagela, molesta, domina,
Insulta e, sádica, nos emprenha o mundo:
Sujeitando-nos á sua pérfida e sicária cria de sanguessugas.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA